Estamos esperando o que? Acabar a água?
Diariamente estamos sendo informados sobre os níveis das represas e sobre o provável racionamento de água, porém, relativamente pouco se fala sobre possíveis racionamentos de energia. Será que já não era hora do governo começar a agir e não apenas aumentar as tarifas? Segundo a Câmara de Comercialização de Energia a produção de energia acumulada no mês até o dia 17 de fevereiro desse ano foi 12,8% inferior ao acumulado no mesmo período do ano passado. Reflexo do problema hídrico, isso impacta diretamente nas contas de energia, uma vez que as termoelétricas estão sendo utilizadas a todo vapor para tentar contra balancear a redução da geração hídrica.
A partir de março, aumentos da ordem de 50% são esperados nas contas de energia das indústrias no estado de São Paulo e isto com certeza impactará toda a cadeia produtiva e nós consumidores. Mas então por que não começar a promover ações mitigadoras para antecipar os problemas? Seria uma decisão tão difícil assim pro governo? Agir efetivamente sobre a conservação de energia poderá gerar impactos ainda mais negativos na economia brasileira?
Observa-se que o consumo de energia per capita no Brasil continua a crescer enquanto nos Estados Unidos observamos uma redução. E isto porque? Por que promovem ações de conservação de energia e políticas rígidas de incentivo ao uso de equipamentos e construções eficientes. Este é o caminho. Não cortar 20% do consumo indiscriminadamente como tivemos que fazer no apagão de 2001.
Creio que já é tempo de tomarmos consciência e agir pró-ativamente. A iluminação representa aproximadamente 20% de todo o consumo de energia, portanto tem um grande papel nesse cenário e hoje dispomos de tecnologias muito mais eficientes que podem reduzir significativamente o consumo. A tecnologia led está disponível e cada vez mais acessível, assim como diversos sistemas de controle da iluminação.
Medidas governamentais mais eficazes, porém, necessitam ser implantadas de forma consistente. A seguir são elencadas 10 medidas sugeridas pela Abilux (Associação Brasileira da Indústria da Iluminação) ao governo, que impactariam positivamente no cenário energético, rumo à conservação de energia:
1. Troca dos 5 milhões de pontos de iluminação pública existentes com lâmpadas a vapor de mercúrio (50 lumens por Watt) por luminárias modernas com LEDs (>100 lumens por Watt) com controles inteligentes. 2. Mudança no programa de subsídios ou gratuidade na substituição de lâmpadas incandescentes (14 lumens por Watt) com a entrega de lâmpadas fluorescentes compactas (50/60 lumens por Watt) por lâmpadas LED (80/100 lumens por Watt). 3. Entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida e programas similares já com o ponto de luz com luminárias e lâmpadas eficientes e de longa vida instalado. 4. Tornar o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações compulsório para edifícios a serem construídos e em reforma. 5. Tornar obrigatória para governos a compra de produtos com o selo Procel ou a etiqueta do Inmetro "A" que garantem um mínimo de eficiência, desempenho e segurança. 6. Estabelecer prazo de 4 anos para que todos os edifícios federais estaduais e municipais façam uma auditoria energética e modernizem seus equipamentos de iluminação. 7. Tornar obsoletas em até 2020 as lâmpadas a vapor de mercúrio, de luz mista e de indução magnética e, desde já, aumentar a alíquota de impostos destes modelos. 8. Tornar obsoletos os reatores magnéticos para lâmpadas fluorescentes, pois os eletrônicos economizam cerca de 70% de energia. 9. Criação de linhas de financiamento a produtos e projetos de iluminação eficiente para as cidades para Iluminação pública, prédios públicos e edificações em geral. 10. Reduzir a carga tributária em todos os níveis de produtos que utilizem LEDs como lâmpada, módulos e luminárias assim como drivers e controles para LEDs.
Será que caminharemos nesse sentido? Ou estarão esperando as águas das represas acabarem para termos que apagar as luzes também?